Reciclar é criar mais-valia e riqueza ambiental e económica

2012-08-30

Reciclar é criar mais-valia e riqueza ambiental e económica

Jovem empresário vilaverdense Tiago Almeida explica política de responsabilidade social e ambiental da Zenit Automóveis como fator de valorização da empresa e da sua atividade.

Tiago Almeida é um dos exemplos da nova geração de empresários do concelho de Vila Verde que promete marcar o futuro do desenvolvimento e da dinamização económica desta região. Aos 26 anos, criou uma empresa de reciclagem automóvel e assumiu um claro pioneirismo numa nova era que veio revolucionar o conceito das extintas sucatas de carros. Na atual sociedade da reciclagem, a Zenit Automóveis desenvolve uma atividade económica que se revela determinante na necessidade urgente de se inverter a degradação ambiental do Planeta e a cada vez maior escassez de recursos e matérias-primas, sobretudo num mundo onde a população cresce a um ritmo historicamente impressionante.


“Receber para destruir e fazer desaparecer está absolutamente fora de questão, porque não seria seguramente uma atividade sustentável ou rentável. Na Zenit Automóveis, tudo assenta numa prioridade absoluta de revalorizar. Só assim estamos a garantir mais valia à nossa atividade. Para nós, reciclar e recuperar é criar valor e riqueza ambiental e económica”, explica Tiago Almeida, que não esconde a sua paixão pelos automóveis e pelos seus sistemas mecânicos de funcionamento.

“Desde pequeno que gosto de trabalhar e perceber o funcionamento dos carros e, sempre me imaginei a trabalhar neste ramo”, confessa o jovem empresário, instalado em Esqueiros. Não se cansa de elogiar “uma equipa qualificada e empenhada” que o acompanha neste projeto e onde se incluem o irmão e a irmã. “É uma equipa que tem permitido e ajudado ao desenvolvimento da empresa, de forma estruturada e sustentada, capaz de concretizar e viabilizar uma forte aposta na inovação”, justifica.

No contexto da sociedade dos três R’s, a Zenit é uma demonstração plena da concretização prática dos objetivos ‘Reduzir, Reutilizar e Reciclar’, ainda que “numa ordem inversa à da sociedade em geral, porque o trabalho fundamental não é executado antes da produção de lixo, mas sim depois do lixo produzido pelos outros”.  

Para além do cumprimento das regras comunitárias e nacionais de desmantelamento de veículos em fim de vida, Tiago Almeida salienta que a atividade da sua empresa é tão mais rentável quanto mais eficiente e melhor for a concretizar o seu trabalho de reduzir resíduos – ou sucata –, a recuperar e permitir a boa reutilização de materiais inutilizados e a assegurar o encaminhamento dos mesmos para a reciclagem.

“Quanto melhor formos a fazer isto, mais rentável e sustentável será a empresa e melhor serão os resultados em termos ambientais”, sublinha o empresário vilaverdense. Em termos práticos e concretos, exemplifica que todas as peças em vidro não utilizáveis são encaminhadas para a reciclagem de vidro. Também todas as baterias e materiais mais corrosivos recebem o devido tratamento e encaminhamento, sob pena de contaminarem todas as  peças reutilizáveis. O objetivo é reduzir ao máximo o material que, no final, segue para a fragmentação, no caso dos metais.
Ao longo dos dois hectares de área das instalações da Zenit, a organização e seriação dos produtos revela-se ilustrativa das prioridades que norteiam o trabalho de desmantelamento das viaturas ‘acabadas’ ou mais danificadas.

“A Zenit está a cumprir uma missão social pela importância que tem para a preservação da Natureza. Compreendo que muitas vezes as pessoas que desconheçam a nossa atividade nos encarem negativamente. No entanto, a verdade é que também plantamos árvores e criamos espaços verdes, mas fazemos ainda outros trabalhos que são provavelmente mais importantes para o ambiente e para a qualidade de vida de todas as pessoas”, aponta Tiago Almeida, que tem em vista ampliar a Zenit para um novo espaço.
E quanto a objetivos a longo prazo, não tem dúvidas: “Acima de tudo, pretendemos crescer de forma organizada e sustentada, mantendo os padrões de qualidade dos nossos serviços, tendo como objetivo central a satisfação dos clientes”.

Dos simulacros ao cinema


A Zenit é uma empresa aberta à sociedade civil, acolhendo as mais diversas atividades cívicas e até culturais. Já foi palco de simulacros e até filmagens para obras cinematográficas. “A empresa está sempre aberta a iniciativas que promovam a responsabilidade social e ambiental. Acreditamos que algumas destas iniciativas são importantes para desenvolver na comunidade um comportamento consciente da importância da reciclagem”, justifica Tiago Almeida.

Entre o extenso leque de atividades sociais, destaca-se a receção de 150 crianças numa ação de sensibilização rodoviária e ambiental, com o apoio dos Bombeiros de Vila Verde, a par da cedência das instalações para filmar uma cena do filme “1ª vez, 16 mm” do realizador Rui Goulart.
A Zenit Automóveis colabora também com os Bombeiros Voluntários de Vila Verde, Amares e Terras de Bouro, no fornecimento de viaturas para formação e treino em desencarceramento de vítimas. Recebe alunos da Escola Profissional Amar Terra Verde (EPATV) para formação na área de desmantelamento de VFV, e colabora com o município para recolher viaturas abandonadas. Além de ter aceite o desafio de fazer parte da direção da Associação Empresarial de Vila Verde, revela-se a solidariedade local e o apoio que tem dado à Comissão de Obras da Igreja de Esqueiros.

 

“Temos procurado ser inovadores e capazes de ir mais além do que a lei nos obriga” Quando é que se apercebeu da importância de associar o trabalho da sucata à defesa do ambiente?

Desde sempre. Nasci e cresci em Vila Verde e sempre soube da importância que tem o ambiente para a nossa qualidade de vida. Obviamente que também sou obrigado a cumprir regras e normas. Mas mais importante que a obrigação legal ou normativa, é que na Zenit temos mais rendimento quanto mais ecológicos formos. As leis e as normas têm várias formas de interpretação, mais ou menos flexíveis. No nosso caso soubemos transformar a obrigação num negócio melhor. É importante termos consciência disso.

Acha que nos dias que correm as empresas devem cultivar essa vertente social e ambiental?

A empresa foi criada e estruturada com o objetivo principal de contribuir para a proteção do meio ambiente. Acho que ninguém tem dúvidas que qualquer empresa, para ter e manter o sucesso, tem de respeitar e tratar da melhor maneira os clientes e potenciais clientes, e trabaar da melhor forma os seus interesses. Estamos a falar das pessoas e da nossa sociedade. Por isso, não consigo conceber que uma empresa trabalhe em prejuízo da comunidade. A empresa tem que ser um fator de desenvolvimento, não só económico, mas também da qualidade de vida.

Quanto à reutilização de materiais e recursos, entende que hoje não há outra forma das empresas deste género trabalharem?

Têm sido dados alguns passos no nosso país, no sentido de adotarmos uma economia mais verde, mais sustentável. O impacto ambiental da ação humana tem vindo a tomar proporções cada vez mais inquietantes, colocando em risco o equilíbrio do Planeta e dos ecossistemas. A preservação ambiental é um dos desafios da nossa época. A reciclagem está também intrinsecamente ligada aos aspetos ambientais e, neste sentido, assume um papel importante na minimização do impacto do crescimento do consumo de matérias-primas e energia. É necessário implementar boas práticas de racionalização.
O trabalho que temos vindo a desenvolver pretende ir ao encontro da proteção ambiental, promovendo a gestão de resíduos de acordo com a legislação comunitária e nacional. Mas temos também procurado ser inovadores e capazes de ir mais além do que a lei nos obriga, até porque isso dará maior rentabilidade à nossa empresa, maior qualidade e reconhecimento ao nosso trabalho. Aos 30 anos de idade, acredito que ainda tenho uns bons anos para viver. Não estou à espera de mudar de ramo de atividade ou de empresa, por isso faço questão que, todos os dias e permanentemente, a Zenit seja a melhor na concretização do seu trabalho.

 

O problema da burocracia

Quais são, no seu entender, os principais entraves que se apresentam, hoje em dia, aos empresários desta região e do país? 
A burocracia, sem dúvida. Hoje em dia é fácil abrir uma empresa, mas é muito difícil colocá-la a trabalhar. Quando se trata de passar para a atividade e a concretização prática da missão para que foi criada a empresa, a legislação e a carga fiscal são muito penalizadoras e as licenças são, por vezes, morosas. Diria até cansativas e desgastantes.
Às vezes – e não estou a falar especificamente do meu ramo de atividade – é mais fácil abrir ilegalmente e assim funcionar durante anos, sem qualquer fiscalização. Ou então ter licença para uma atividade e trabalhar noutra. Penso que as entidades fiscalizadoras deveriam ser um elo de ligação a quem se deveria recorrer, numa 1ª fase, para perceber as necessidades específicas de cada negócio, bem como a forma de as colocar em prática de forma legal.


A importância do associativismo empresarial

A Zenit é uma das empresas associadas da AEViVer. Quais as vantagens, no seu entender, de uma empresa pertencer a uma organização deste género? 
A Zenit aceitou o desafio de fazer parte da direção da AEViver, porque acredito que uma associação empresarial tem um papel muito importante no desenvolvimento da região, da sua sociedade e, naturalmente, das suas empresas. Ser associado permite-nos ter acesso a informação atualizada, nomeadamente sobre programas de apoio comunitários, formação gratuita para os quadros da empresa, legislação, entre outras coisas.
Somos também representados por uma associação que conhece bem a região, em especial os seus problemas, o que permite unir sinergias e criar medidas para os ultrapassar. Juntos, podemos fazer mais coisas por Vila Verde, pelos vilaverdenses e também pelas nossas empresas. É fácil perceber que estamos todos interligados e interdependentes.


Do abate à reciclagem e venda de peças e automóveis

A Zenit Automóveis dedica-se a um conjunto variado de atividades que vai muito para além da recolha e desmantelamento de viaturas em fim de vida (VFV).
Atualmente com oito 8 funcionários a tempo integral e um a tempo parcial, a empresa tem prevista a criação de pelo menos mais um posto de trabalho até ao fim do ano e mais cinco durante o ano de 2013.


A empresa dedica-se ao comércio de viaturas salvadas e usadas. Dispõe também do serviço de reboque, que se encontra certificado pela norma portuguesa 4444/2006, pela Bureau Veritas.
A comercialização de peças para automóveis é outra das áreas de negócio da empresa, promovendo assim a reutilização e revalorização de peças retiradas dos veículos em fim de vida, previamente submetidas a um rigoroso processo de seleção, avaliação e tratamento.

No trabalho de abate de veículos de fim de vida, a empresa trata de todo o processo de desmantelamento dos carros e respetiva documentação para cancelar a matrícula junto do IMTT - Instituto da Mobilidade e dos Transportes Terrestres, emitindo o respetivo Certificado de Destruição. Tudo isto sem custos para os cidadãos.

Ao nível da gestão de resíduos, a empresa começa por retirar dos VFV’s os componentes perigosos, como bateria, óleos, plásticos, entre outros.
Avalia as condições das peças passíveis de reutilização e, quando isso não é possível, são encaminhadas para operadores de resíduos autorizados para reciclagem.


Perfil

Alberto Tiago da Cunha Almeida nasceu a 2 de abril de 1982, em Barbudo, onde fez o ensino primário. Mais tarde, continuaria os estudos na EB 2,3 de Vila Verde, antes de ingressar na Fernave, em Matosinhos, para concluir o ensino secundário. Casado, este jovem e m p r e s á r i o vilaverdense reside atualmente na freguesia de Vila Verde.


Gostos e preferências

Qual a sua profissão?
Empresário no ramo do desmantelamento industrial
de veículos em fim de vida.
Onde vive?
Em Vila Verde.
Últimas férias realizadas?
No Algarve.
Último hobby desenvolvido?
Andar de mota.
Carro que usa?
Não tenho carro próprio.
Almoço de hoje?
Feijoada.
Que bebeu hoje?
Água.
Perfume que usa?
Hugo Boss.
Marca de roupa que usa?
Várias marcas, desde que apresentem boa qualidade.
Último livro que leu?
‘O último símbolo’.
Último filme que viu?
Fúria de Titãs 2
Que profissão gostaria de ter?
A que tenho.
Onde gostaria de morar?
Em Esqueiros.
Férias preferidas?
Um cruzeiro no Oasis of the Sea, nas Caraíbas.
Passatempo preferido?
Estar com a família.
Carro que gostaria de ter?
Koenigsegg.
Prato preferido?
Marisco.
Bebida preferida?
Água.
Perfume preferido?
O mesmo.
Marca de roupa preferida?
Marlboro.
Livro preferido?
Código da Vinci.
Filme preferido?
PearlHarbor.